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Esta preciosidade foi-me enviada por um Amigo Dragão
e distinto Médico Cirurgião .
Vejam até onde chega a demência do adepto benfiquista !
Da entrevista feita a António Lobo Antunes,
a pretexto do seu último livro
Boa Tarde às Coisas Aqui em Baixo,
publicada na revista «Visão» nº 560
(de 27 de Novembro a 3 de Dezembro de 2003)
e em que se fala na sua passagem, como combatente, por Angola,
não resisti a transcrever as duas últimas perguntas
e respectivas respostas:
V: Ainda sonha com a guerra?
ALA: Às vezes tenho um pesadelo tremendo.
Sonho que me estão a chamar para voltar para África.
Tento explicar que já fui, argumentam que tenho que ir.
E o sonho acaba aqui. Nunca sonhei com tiros ou morteiradas.
No meio daquilo tudo havia muito humor.
Havia um homem, o Bichezas,
que cuidava do morteiro que estava ao pé da messe.
Tínhamos mais medo dele do que do MPLA
porque o Bichezas disparava com o morteiro na vertical.
Aquilo subia… e toda a gente fugia.
Apesar de tudo, penso que guardávamos uma parte sã
que nos permitia continuar a funcionar.
Os que não conseguiam, são aqueles que, agora,
aparecem nas consultas.
Ao mesmo tempo, havia coisas extraordinárias.
Quando o Benfica jogava, púnhamos os altifalantes
virados para a mata, e, assim, não havia ataques.
V: Parava a guerra?ALA: Parava a guerra. Até o MPLA era do Benfica.
Era uma sensação ainda mais estranha
porque não faz sentido estarmos zangados
com pessoas que são do mesmo clube que nós.
O Benfica foi, de facto, o melhor protector da guerra.
E nada disto acontecia com os jogos do Porto e do Sporting,
coisa que aborrecia o capitão e alguns alferes mais bem nascidos.
Eu até percebo que se dispare contra um sócio do Porto,
mas agora contra um do Benfica?
V: Não vou pôr isso na entrevista…ALA: Pode pôr. Pode pôr.
Faz algum sentido dar um tiro num sócio do Benfica?